O Despertar









O Despertar

O

 

 

 dia havia acabado de amanhecer, a escuridão ainda se apegava ao horizonte, como se relutasse em ceder seu lugar à luz, o ar estava imóvel, frio, carregado com o silêncio de uma noite calma, o orvalho ainda estava a cair por entre as folhas das arvores, depois de dois meses Karl estava do lado de fora de sua casa, cortando um pouco de lenha, a neve ainda não havia chegado, mas conforme os meses iam passando os dias ficavam cada vez mais e mais frios, e no inverno não seria sábio ficar sem ter como se aquecer, ele balançava seu machado no ar, e com golpes fortes partida vários troncos com facilidade, um a um ele os dividia, ao ponto de fazer uma pilha maior até do que ele mesmo, depois de horas ele retirou seu cachimbo de seu bolso, a fumaça de sua respiração e da fumaça do cachimbo se misturavam e pareciam dançar juntas enquanto se dissipavam no ar, depois de estocar toda a lenha para o inverno ele ascendeu a lareira, e começou a esquentar a agua para o café, várias luas já haviam se passado desde a última vez em que havia se reunido com Lira e Thomas, ele estava apreensivo com o plano ao qual ela estava planejando, provavelmente seria algo ariscado, como todos os planos e coisas as quais ela o metia desde que havia chegado a capital, ao longe ouvia novamente um som que cortava o silencio, com trotes e relinchos eles apareceram, montados em dois cavalos, Lira montava sua égua uma Shire ao qual ela havia batizado de Lunae, e Thomas que montava uma égua Appaloosa castanha, e amarado em na sela dele seu amigo trazia outro cavalo, um grande garanhão Frísio, sua pelagem negra brilhante reluziam sob a luz da manhã, a crina e cauda longas e onduladas. Possuindo um porte imponente, com cabeça erguida, olhos expressivos, pescoço arqueado e membros fortes. Sua marcha é elegante e altiva cativaram Karl só de olhar para ele, era realmente uma joia da natureza encarnada em forma de animal, ele calmamente se levantou do chão da varanda e caminhou até eles.

— Esse cavalo é lindo — falou Karl enquanto acariciava seu pelo

— Ele é um dos vários potros que minha mãe possui, posso dizer que ela é fascinada por eles, é um presente, você vai precisar dele — Karl se encheu de vergonha

— Para mim? Mas ele é caro demais, não tenho como retribuir, e eu já tenho um cavalo

— Só aceite Karl, essa gente rica tem dinheiro o suficiente para jogar fora se eles quiserem, e alem do mais, aquele cavalo velho não parece aguentar por muito tempo em — Disse Thomas com um sorriso no rosto, Lira o encarava de forma seria, enquanto Karl segurava o risso.

— Então meus amigos já faz um tempo que não nos vemos, o que os traz aqui? — questionou Karl enquanto acariciava Lunae

— Já nada de mais, só viemos para falar que já podemos começar com o nosso plano

— Nosso plano? Esta mais para seu plano, algo que provavelmente vai envolver perigo, eu suponho — Ela sorriu de forma delicada para ele, Thomas se aproximou ainda montado

— O momento da verdade chegou meu amigo, vamos descobrir se você é uma abominação ou alguém especial — Lira lançou um olhar sério para ele que rapidamente se calou

— O que quiz dizer com especial e abominação? — Questionou Karl

— Se você não possuir magia será considerado um humano impuro, mas se não possuir é considerado da realeza, pois somente os primeiros não possuíam o dom da magia, e assim não poderiam ser manipulados ou enganados por nenhum ser seja de luz ou trevas, mas se você não for nenhum dos dois

— O que acontece? — Lira exitou em responder

— Simples, você morrera instantaneamente, quando o rito for ativado e tocar no cristal seguido de um brilho e ai Puf! Virou um monte de cinzas — O rosto de Karl empalideceu, Lira apanhou seu chicote e começou bater em Thomas

— Bom eu realmente preciso fazer isso? — Questionou Karl

— Sim, pelo que Sor Garlen me contou a respeito, que os emissários da santíssima igreja estarão ali presentes, e os Vulturis também estarão lá, não é bom ariscar, mas você não precisa fazer se não quiser

— Eu não vejo muitas escolhas no momento e Vulturis? Quem são eles?

— São um grupo de pessoas selecionadas pelo rei, basicamente um conselho particular do rei

—  Mas o que vai acontecer se eu não possuir magia? Não vejo por que tamanho alvoroso caso eu não possua

 — Bom para ser sincera nem eu sei ao certo, mas ouvi dizer que somente humanos de sangue puro não possuem magia, o resto são mestiços com outras raças, e de certa forma se isso for verdade e você não possuir magia, isso o faz virar um perigo para toda a realeza, eles não aceitariam um plebeu de sangue puro — Karl e Thomas se encarram por um momento, um calafrio percorreu seus corpos

—  Mas nos tempos de hoje isso é quase impossível, é melhor irmos logo, não podemos nos atrasar — Falava Lira enquanto entregava as rédeas, ele correu para dentro de casa, pegou dois mantos e rapidamente montou em seu cavalo.

— Melhor apertarmos o paço, não quero deixar minha informante esperando —

Lira tomou a dianteira guiando o grupo, saindo galopando a frente e Thomas saiu em disparada logo atrás Karl então atiçou seu cavalo o fazendo correr, mas o animal era muito rápido, em poucos estantes já havia os alcançado, era a primeira vez que experimentava a velocidade de um cavalo tão magnifico

— O que está achando de cavalgar em um cavalo de verdade meu amigo? — Questionou Thomas

Um misto de emoções meu amigo, sinto meu coração quase sair pela boca — eles cavalgaram bastante e para longe, da cidade e da vila de Karl, se encontravam no bosque dos sussurros, próximo a floresta ao qual eles haviam encontrado o espectro, eles chegaram a uma clareira, Lira rapidamente saltou de seu cavalo e começou a seguir a pé com ele até as arvores sem dar uma única palavras, os dois se olharam e começaram a achar estranho “ Sinto cheiro de encrenca vindo por ai “ pensou Karl enquanto descia de sua cela, ele e Thomas a seguiram para dentro da mata revelando uma trilha andando mais um pouco a dentro da floresta logo a frente estava Lira, que se encontrava falando com uma figura encapuzada, os dois se olharam e amaram seus cavalos próximos a Lunae, e mexendo em sua sela Thomas retirou uma bolsa grande, que estava coberta por um pano, jogando a bolsa em suas costas os dois se aproximaram de Lira

— Rapazes esta é Elisa ela foi uma sacerdotisa e trabalho na catedral — Ela se aproximou e retirando seu capuz, revelando seu rosto, uma figura graciosa e esbelta. Sua pele suave pálida como a lua. Seus olhos eram grandes e expressivos em tons de verde, mas algo ao olhar em seu rosto chamou a atenção de Karl, suas orelhas eram pontiagudas “Ela é uma elfa? Não sabia que elas eram detentoras de tamanha beleza“ questionou-se, era a primeira vez que via algo tão extraordinário, apesar de não se surpreender com facilidade, havia ficado perplexo por ver alguém tão diferente, ela dirigiu seu olhar a ele, ao olhar para ela parecia que sua mente entrava em confusão, como se algo conturbasse sua mente

— Muito bem, então é você de quem ela tanto tem falado? — Falou Elisa com uma voz fria

— Acredito que sim, mas espero que ela tenha falado coisas boas sobre mim — Lira o olhou com uma cara envergonhada, enquanto ele é Thomas soltaram um sorriso

— Sim, aquele que consegue ver e matar um espectro sem possuir magia

— Eu não vejo nada de mais, o que aconteceu foi apenas um pouco de sorte, bom eu acho que muita sorte no caso

— Eu não acredito que tenha sido apenas sorte — ela colocou a mão em seu manto, retirando dele dois grandes pergaminhos

— Esses pergaminhos são de alas diferentes da grande catedral, vamos usar eles para poder nos guiar la dentro

— Qual a necessidade de mapas, sendo que voce já trabalhou la dentro, mesmo se passando muito tempo eu me recordo de como aquele lugar é, pedra por pedra — Questionava Thomas com uma voz fria, seu olhar para ela parecia ser carregado de ódio, ela se virou a ele

— O que você se lembra de guando frequentou a catedral?

— Me lembro da catedral, gigantesca por fora e por dentro, o seu andar inferior era gigantesco e cheio de corredores e salas, mas eu nunca conseguia decorara aqueles corredores

— Isso é simples, pois eles sempre estavam mudando — Todos ficaram confusos

— Como assim mudando? — Questionou Karl

— A catedral é dividida, as partes superiores são fixa, por ser o local onde qualquer pessoa do reino pode ter asceso, agora as partes inferiores são outra coisa, com um misto de magia e as grandes ideias dos anões, a catedral é dividida por andares, no caso somente dois

— Então provavelmente não vamos demorar muito lá dentro, já que são somente dois andares — Afirmou Thomas

— Infelizmente não, pois como cada um desses andares muda com frequência, e vamos nos aproveitar disso, enquanto os andares mudam não vai ter nenhuma pessoa em nenhum cômodo dali, então vamos aproveitar para entrar e fazer o que viemos fazer

— Mas por que tamanha segurança? O que a de tão especial a ser escondido lá dentro? — Questionou Karl

— Todos tem seus segredos e seus próprios planos, a santíssima igreja não seria diferente, e não cabe a mim me envolver neles

— Então porque esta se ariscando tanto nos ajudando? Para quem não quer se envolver acho que isso já é ariscado de mais não acha?

— Eu não estou fazendo isso por caridade, lá existe algo que eu procuro, e só estou aproveitando o momento e também a algumas coisas lá que são minhas por direito que eu pretendo recuperar, e claro que vocês irão me ajudar

— No caso uma mão lava outra é isso?

— Você entendeu a essência da coisa meu jovem — Os três se encararão “Acho que no fim não temos muita escolha não é mesmo?“ pensava Karl enquanto encarava a elfa, ao qual só de olhar parecia que algo estava tentando entrar em sua mente, já ouviu falar que elfos podiam fazer isso, só não sabia que era verdade

— Então vamos logo, não podemos perder tempo — Disse Karl, todos se prepararam e seguiram a Elisa, eles andaram muito e Thomas parecia não tirar seus olhos dela, eles seguiram a trilha por todo o bosque a frente até se depararem com um grande lago, a água era cristalina e calma da onde se podia até mesmo ver o fundo do lago, Karl fitou o céu, e viu neve que começava a cair, parecia que o verdadeiro inverno estava prestes a começar, mas ao olhar a outra margem do lago a grande catedral, se estendia gigantesca, parecendo mais uma grande fortaleza, suas torres eram gigantescas e toda a construção parecia ser feita de rocha maciça e cinza, o que a fazia sem bem sombria, eles caminharam bastante dando a volta no grande lago, até se depararem com uma pequena ravina “ Que espécie de caminho é esse “ Karl se questionava, descendo a eles se depararam com uma vasta gama de cavernas espalhadas pela ravina


— Este lugar já foi o começo de uma grande mina, pessoas vieram de vários cantos do reino para cá, achando que iriam encontrar grandes riquezas. Mas quanto mais fundo eles cavavam, esse sonho se tornava frio e distante — Ela seguiu a frente entrando em uma grande caverna coberta de estalactites

— Mas o que a queda dessas minas tem a ver com a santíssima igreja? — Questionou Karl

— Frustrados por não acharem nada, os grandes senhores começaram a cavar mais e mais. Destruindo e depravando a terra até quase matá-la, mas a igreja tomou as terras de suas mãos, e purificaram tanto as pessoas como a terra

 — Quem diria que a igreja faria tão boas assoes assim não é mesmo — Falou Karl em um tom de zombaria, a elfa sussurrou algo em uma língua estranha, e de uma forma misteriosa uma pequena bola de luz se ascendeu sob sua cabeça, tomando a frente ela começou a guiar o grupo por dentro caverna, conforme eles adentravam vez mais fundo caverna a dentro, mas algo incomodava Karl, sentia algo apertando seu peito, “ Não pode ser que morreria do coração agora “ Pensou ele enquanto caminhava a caverna era úmida escura e fria, olhando para Thomas ele percebia sua desconfiança, com um olhar vigilante enquanto a Elisa, e sempre olhando para todas as direções, parecia esperar por algo, já Lira estava bem quieta, seu olhar resplandecia um misto, de medo e ansiedade, e ao olhar melhor seu rosto viu seu lindo queixo tremendo com o frio, Karl puxou seu manto e colocou nela, a princípio tentou recusar, mas sentiu um brisa fria que vinha mais a dentro da caverna, e rapidamente colocou o manto

— Obrigado, na ansiedade de virmos para cá, acabei esquecendo de me agasalhar, muito obrigado, mas e você não está com frio?  — Disse ela com o rosto gorado

— Não se preocupe com isso, já estou acostumado com o frio, acha mesmo que essa mulher é confiável? Como você a conheceu?

— Minha mãe e os lordes foram chamados para uma reunião com os Vulturis, e eu a acompanhei até o castelo, mas não pude ficar na reunião, então fui até a grande biblioteca do castelo, um lugar enorme, enquanto procurava algo para ler acabei me lembrando de você e usei a biblioteca real para pesquisar algo que fosse ajudar, foi quando a encontrei —

— Bem conveniente encontrá-la enquanto pesquisava sobre isso não acha? — Questionou Karl

— Não foi coincidência, ela é a curandeira chefe, ela faz parte dos Vulturis —

— Espera, ela é o que? E o que ela faz aqui?

— Enquanto eu lia a respeito da sua condição, uma voz ecoou em minha cabeça, uma sensação estranha atacou minha mente, enquanto eu lia, como se algo me guiasse até o que eu estava procurando, e no momento que eu achei o pergaminho com as respostas, ela apareceu — Karl sentiu um calafrio percorrendo sua espinha, realmente ela era muito poderosa

— Acho muito suspeito, ela simplesmente querer ajudar, mesmo tendo seus objetivos, sem nos cobrar nada, e também ela é uma das maiores autoridades do reino, poderia simplesmente conversar com a igreja para ter o que ela quer, sem nossa ajuda — questionou ele

— Sim ela realmente tem autoridade, mas a igreja está tão poderosa que até mesmo ela teria muitas complicações para conseguir o que ela quer, e se a igreja souber o que ela quer aqui, sua posição até mesmo sua vida correria perigo

— Mas o que ela procura então? Deve ser algo de muito valor para ela e para a santíssima igreja para colocar a vida dela em risco

— Eu não posso falar o que é, eu fiz a ela uma promessa —

Karl assentiu com a cabeça, entendia o valor de uma promessa e não faria Lira quebrar sua honra para poder matar sua curiosidade, depois de muito caminharem por dentro da caverna eles finalmente chegaram em uma espécie de túnel esculpido na pedra, e a frente deles uma grande porta de pedra, ela era gigantesca e se não fosse pela magia de luz Elisa ele teria confundido com uma parede, os três estavam parados lado a lado, esperando pelo que estava por vir

— Ei matador de monstros, venha aqui, está na hora de você trabalhar — falou Elisa apontando para Karl, que se aproximou dela, a porta tinha várias runas entalhadas, sentiu como se algo emanasse daquela porta

— O que eu devo fazer especificamente? — A questionou

— Não é obvio? Empurre a porta para que possamos passar

Não brinque comigo, isso deve precisar de pelo menos uns dez homens para abrir

— Isso é meramente um detalhe, apenas tente empurrar a porta e faça a sua parte — Exclamou Elisa

— Eu vou tentar, mas espero que tenha outro caminho — Karl colocou suas mãos na grande porta, ela era enorme, haviam além de runas várias haviam palavras em uma língua estranha “ Talvez isso seja élfico “ pensou ele, colocando suas mãos sob ela sentiu uma sensação estranha, como se algo estivesse o repelindo, mas mesmo assim ele se forçou contra a porta, uma sensação estranha percorreu seu corpo, o peso da porta parecia gigantesco, era pesada, tão massiva que a simples ideia de movê-la parecia absurda, mas não podia falhar na única tarefa que lhe foi imposta, sentiu como se seus músculos fossem se partir, o suor escorria por sua testa, mas, de algum modo, a porta começou a ceder, lentamente, mas com uma estranha fluidez, a pedra se movia, rangendo como uma fera, e com estopim de força ele empurrou as portas com toda sua força, ela se chocaram contra a parede, todos ali ficaram espantados, até mesmo a Elisa que não havia esboçado nenhuma reação em seu rosto parecia estar um pouco surpresa, enquanto recuperava o folego a elfa se aproximou dele

— Eu estou me questionando mesmo se esse é o único caminho que tínhamos — Disse Karl com sua voz ofegante

— No momento esse era o único caminho seguro, estou impressionada garoto, agora vamos — Lira se aproximou dele, e com gentileza o ajudou a se levantar, os dois se olharam por um segundo, um sorriso surgiu no rosto dos dois, ao adentrarem a porta Karl percebeu varial algemas presas nas paredes, com as mesmas runas das portas, seus sentidos ficaram alertas, algo ali não era normal, mas ignorando isso ele seguiu, andando bastante o lugar parecia um grande labirinto, e quando olhava para trás o lugar já não era mais o mesmo, realmente toda a estrutura parecia estar mudando, eles apertaram o passo e Karl novamente percebeu a inquietude de Thomas, que parecia estar muito eufórico “ Acho que alguém está mais ansioso que eu “ Pensou Karl enquanto depois de muito andarem Elisa, parou olhando para seu mapa, pareciam ter chegado a onde ela queria

— E aqui que nos separamos — Exclamou Elisa, Thomas e Karl se encavaram  

— Eu, senhorita Lira e Karl vamos seguir mais abaixo nos níveis inferiores, lá e onde podemos realizar o ritual

— E quanto a mim? Pelo que sei os registros não ficam perto de onde se realiza o ritual — Questionava Thomas com

— Os registros estão neste andar ao norte, lá você irá encontrar o que procura — disse a elfa enquanto entregava um dos pergaminhos

Mas o que é isso? — Questionou Thomas

— Isso vai ajudar a encontrar mais fácil o que você procura

— Uau, isso e algum objeto magico? —Exclamou Thomas eufórico

— Não, apenas indica onde encontrar algo que pode o ajudar, e algo que você fara para mim — Thomas colocou o pergaminho entre seu manto com um olhar desconfiado para Elisa, e enquanto ela caminhava em direção aos níveis inferiores se aproximou de Karl

— Leve isso com você — Disse ele enquanto lhe entregava uma adaga

— Use com cuidado, sinto que você pode acabar precisando disso — se virando ele caminhava para os arquivos, enquanto Karl guardava a adaga em seu manto “Sempre desconfiado” pensou ele, mas parecia que ele tinha algo contra Elisa, mas ele não sabia o porquês disso, conforme eles desciam para os níveis inferiores, parecia que a luz começava ficar mais cada vez mais fraca, a tocha que Karl segurava cada vez mais ficava mais fraca, tanto seu brilho, quanto seu calor, uma aura estranha tomava aquele lugar, mas ele não sabia explicar o que ele sentia em seu amago, um misto de medo e ansiedade começou a tomar conta de seus pensamentos a cada passo

— Está tudo bem Karl? — Questionou Lira segurando em sua mão, o calor de suas mãos percorreu seu corpo, sentiu como e toda a preção sumisse aos poucos

— Sim, só um pouco apreensivo com tudo isso

— Eu entendo o que você sente, mas não se preocupe, nos dois vamos resolver tudo isso juntos — disse ela enquanto apertava sua mão, a calmaria tomou conta de seu peito

— Está bem, iremos resolver isso juntos — Karl percebeu o olhar de Elisa para os dois, e rapidamente soltou a mão de Lira, que também havia percebido e se afastou dele, eles andaram bastante até finalmente chegarem a uma grande espécie de grande gruta, que era tão grande que seus olhos mal podiam ver o fim, e a agua parecia jorrar de todos os lugares, formando grandes cachoeiras de aguas quentes, que pareciam formar uma nevoa no lugar, eles seguiam por uma grande plataforma, conforme eles se aproximavam a nevoa começava a se dissipar, revelando um grande altar, a Elisa se dirigiu até seu topo, enquanto Karl e Lira ficaram a observar na escadearia do altar, sempre detalhista ele notou varias runas diferentes, que acompanhavam a escadaria até o topo, elas pareciam serem gravadas na pedra e preenchidas com cristais de várias cores diferentes, e no topo da caverna um grande cristal em forma de estalactite se formava, no topo do grande Elisa começava a falar algo em uma língua a qual Karl não podia identificar, mas por algum motivo ela lhe era familiar

— Ela está começando o ritual — Disse Lira com uma voz apreensiva, toda a nevoa que estava envolta começou a se dissipar, e os cristais começaram a emitir uma luz e um calor aconchegante, os dois estavam deslumbrados

— Está na hora Karl — Disse Elisa olhando para os dois, ele caminhou em sua direção, Lira ao seu lado segurou em sua mão, seu coração bateu mais forte, os dois subiram juntos, a cada passo ele sentia o calor de suas mãos percorrer seu corpo, chegando ao topo os dois perceberam que aquele altar havia uma grande mesa na qual várias runas e escritas estranhas estavam esculpidas na pedra

— Eu devo me deitar nela ou algo do tipo? Essas escritas são alguma espécie de élfico? — questionou ele intrigado

— Não essa mesa é dedicada somente para os mortos, ela foi esculpida a milhares de anos, antes mesmo desta catedral ser fundada

— E qual o seu propósito? —  Perguntou Lira com curiosidade em sua voz

— Seu propósito é desconhecido para todos, mas tudo que se sabe e que ela foi esculpida por um homem desconhecido, e que foi local de repouso final de sua amada — enquanto Karl e Lira observavam curiosos, Elisa caminhava lentamente em direção a beira do altar, a agua refletia o brilho e o calor dos cristais fazendo a neblina novamente pairar no ar, ela acenou com a mão, e em seus braços Lira despencou, Karl sentiu seu corpo gelar por inteiro, seu olhar calmo foi consumido por uma raiva excruciante, puxando sua adaga ele apontou para ela

— Não se preocupe, eu apenas a fiz dormir por um momento, ela está totalmente bem, então abaixe isso — Respondeu Elisa

— Por que você fez isso com ela? O que você está planejando

— Às vezes não saber de tudo é uma dadiva, e eu só quero terminar isso logo, e que seu amigo consiga o que eu procuro —

— Eu não confio em você, mesmo que tenha seus motivos

— Depois de ler a mente dela e descobrir sobre você, eu estou curiosa para saber como essa história termina, e isso é o único motivo pelo qual eu não o mato por sua insolência, então deixe de suas reclamações e venha até aqui — Karl sentiu seu corpo frio, como se todo o calor, ele a levantou em seus braços, e a colocou sob a mesa, arrumando seu cabelo ele olhava seu lindo e delicado rosto, Karl se colocou diante de Elisa

— Retire sua camisa — Disse ela com uma voz autoritária, a qual ele obedeceu, retirando seu manto e sua camisa ele as jogou para longe, ela novamente ergueu uma de suas mãos, suas unhas eram grandes e pontiagudas, e ao tocar uma delas em suas testa, sangue desceu por ela, caindo na agua, ele sentiu todos como se todas suas forças se esvaziem, caindo sob as aguas, ele tentava se levantar, mas todos os músculos de seu corpo se contraíram, uma dor tomou seu peito, um frio na espinha tomou seu corpo, ela se ajoelhou ao seu lado sussurrando várias palavras em élfico, ela puxou sua adaga e a brandiu olhando sua lamina “ Não acho que não foi uma boa ideia ter trazido isso “ Pensou ele enquanto o suor corria por seu rosto, de forma lenta e delicada, ela retirou de dentro de seu manto um cristal vermelho, rubro como sangue e abrasador de um vermelho tão intenso que parecia vivo, pulsando entre os dedos dela. O calor que emanava dele era sufocante, espesso como uma fumaça que tomava conta do ambiente.

Este cristal — ela sussurrou, aproximando-o do peito de Karl

—  Será a chave. Mas saiba que, ao abrir uma porta, você não pode controlar o que dela sai E então, sem hesitação, ela empurrou a lâmina da adaga contra o peito dele. A dor foi cortante, rasgando-o por dentro como uma maré de gelo e fogo misturado. À medida que a lâmina penetrava, sua vista parecia escurecer, mas antes que a dor pudesse parar uma mão entrou por entre seu peito, mas rapidamente saiu, sentiu um calor irradiando de seu peito, que se espalhava por todo seu corpo, o gosto de sangue cobriu toda sua boca, ao olhar para Elisa viu um sorriso macabro em seu rosto, empurrando para dentro do lago, lentamente seu corpo afundava, a luz começava a desaparecer de toda a gruta, Elisa olhava para todos os cantos, pela primeira vez ela expressou um olhar de medo, a nevoa se convertia em sombras espessas, e a luz ao redor deles começava a ficar escassa, com forme ele afundava na agua, até atingir o fundo, ainda meio sonolenta Lira pouco a pouco se levanta, sentindo seu corpo fraco e sem forças, ela tentou se levantar, mas cambaleou até o chão, Lira ainda com o corpo tremendo, esforçou-se para levantar, mas caiu de joelhos ao ver o sangue espalhado pelo chão, as marcas da quele ritual, gravados ali como um sinal de algo profano. O brilho suave e tranquilizador da gruta se esvaía, substituído por uma escuridão que parecia absorver o calor, e tudo ao redor dela se tornava frio, seus olhos fitavam por toda parte procurando por ele, até seu olhar se pousou em Karl, afundando no leito da água escura. Cada instante que ele afundava mais e mais ele desaparecia na escuridão, a fazia sentir como se uma parte dela também fosse arrastada para aquelas profundezas. Quando ela tentou avançar, seu corpo novamente cambaleou, mas os dedos de Elisa se fecharam em torno dela com uma força inesperada. Elisa a segurava com força, seus olhos banhados em uma mistura de medo e curiosidade fitavam Karl, que lentamente desaparecia de seu olhar. Lira, cheia de desespero, contra a abertura, seus olhos voltados para o corpo inerte de Karl.

— Solte-me! — sussurrou, o pânico

— O que acha que vai fazer? Você mal fica em pé, eu paralisei seu corpo por um tempo

— Eu não me importo com isso, não posso deixá-lo lá, eu não posso perdê-lo — Exclamou Lira em desespero

— Não a nada que possamos fazer a não ser esperar — os olhos das duas ficaram fixos no fundos daquelas aguas, mas nada acontecia, as lagrimas começaram a descer pelo seu delicado rosto, caída em lagrimas e no chão ela só conseguia olhar, Elisa recobrou sua postura

— O ritual realmente não funcionou — Exclamou ela, Lira que vestia um dos mantos dele o agarrou com força, o pressionando contra o peito, mais e mais lagrimas correram, por seu rosto, mas nenhuma delas tocou o frio chão da gruta, todas começaram a evaporar, e o lugar começou a esquentar, os cristais que estavam espalhados por toda parte começaram a brilhar e emitir um calor tão intenso que elas mal conseguiam ver

O que esta acontecendo aqui? — Questionou Thomas que havia acabado de chegar

— Eu não faço ideia — Respondeu Lira, do fundo do lago um brilho começou a emergia, as aguas borbulhavam e viravam fumaça pouco a pouco e por fim um brilho tão forte acabou cegando todos, e de dentro das aguas renascido entre as cinzas Karl se levantou, todos ficaram abismados e com medo, Lira em lagrimas o olhava de baixo, seu corpo parecia estar pegando fogo, enquanto fimaça evaporava dele, Karl lentamente se aproximou dela, e de forma delicada a colocou em seus braços a ergueu do chão

— Vamos sair deste lugar frio — Disse Karl com uma voz seria autoritária, Thomas aproximando-se de Elisa, questionou

— Aqui esta o que você me pediu, o ritual então deu certo?

— Se eu posso dizer que deu certo? Devo afirmar que deu mais do que certo, algo a mais aconteceu — Um sorriso ambíguo curvou os lábios de Elisa enquanto seus olhos seguiam o casal desaparecendo nas sombras.

— Ele se tornou mais do que imaginávamos, Thomas — disse ela, seu tom carregado de algo quase admirado, Thomas lançou um olhar de desconfiança à mulher, mas nada disse. Observava, de longe, as silhuetas de Karl e Lira fundirem-se à escuridão.

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